terça-feira, abril 25, 2006

Entrevista a Augusto Inácio


por CARLOS MANUEL TEIXEIRA para o jornal ojogo

P Está perto o segundo título da sua carreira…
R Os títulos é que contam mas as qualificações para as provas europeias também contam. Como também conta livrar equipas da descida. Felizmente tenho conseguido bons desempenhos ao longo deste trajecto como treinador. Pertenci a equipas em que conseguimos atingir os objectivos a que nos propusemos.

P Como vê a possível saída de José Cachide?
R O senhor Cachide foi sempre uma pessoa, à semelhança do presidente, sem a qual não teria sido possível a subida. Estou a falar deste caso particular porque me pergunta sobre a pessoa em concreto. Toda a direcção merece os meus agradecimentos mas o senhor Cachide chegou agora ao futebol. É a primeira época. Vão-me dizer que estou a puxar o saco, mas é um homem extraordinário e são homens destes que fazem falta ao futebol. Tem grande verticalidade, afrontando os problemas com objectividade, liderando os casos com grande personalidade. É, acima de tudo, um homem correcto e sério. Foi uma época em que trabalhou imenso para que tivéssemos sucesso e se, por acaso, ele saísse a perda seria irreparável para as ambições do Beira-Mar.

P O presidente continua a dizer que você só não fica se não quiser. Qual é a vontade?
R Este é momento de festejar. Não gostava de falar muito em relação ao futuro porque a época ainda não terminou. Faltam dois jogos e mais alguns antes de entrarmos de férias. São assuntos delicados que merecem reflexão. Este ano, senti na pele que as pessoas exigiram demasiado do Beira-Mar. Acho que estavam à espera de 34 vitórias mas não foi possível. Falar sobre o futuro fica reservado para outras oportunidades.

P A definição de objectivos é decisiva na sua renovação?
R O objectivo será manter. Para já não pode haver outro porque não se pode dar um passo maior do que a perna. O Beira-Mar tem que caminhar com segurança para evitar ser clube do sobe e desce. Sofremos na pele o que esta temporada nos disse a II Liga e é evidente que chegámos a um patamar do futebol de onde não queremos sair. O principal objectivo deverá ser, penso eu, continuar na Liga.

P Você disse que gostaria de tentar algo grande em Aveiro. Não estaria a falar apenas da manutenção…
R Isto tem que ser por etapas. Primeiro devemos manter. Depois no segundo ano tentar fazer menos contratações mantendo o núcleo duro definido. Fazer mais qualquer coisa na tabela. Depois, no terceiro ano, tentar atacar outros objectivos do sexto lugar para cima. Há etapas que têm que ser cumpridas. O problema é que eu, pessoalmente, não acredito em projectos. Não acredito porque a mentalidade dos portugueses é mudar de treinador quando se perde duas ou três vezes. O melhor é conseguir alguns resultados que permitam a manutenção. Depois pode-se alcançar algumas coisas.

P É uma questão ligada à duração do contrato?
R Não falámos disso. Está a querer saber mais do que eu sei. Estamos apenas a falar sobre as etapas para o Beira-Mar ser um clube cada vez mais estável na Liga que evite andar com o credo na boca.

P Este clube tem pernas para caminhar na Liga principal?
R Como é do conhecimento, o clube tem grandes problemas a nível financeiro. Por isso fiz o agradecimento especial aos dirigentes. Não sei que tipo de bolsa iremos ter para contratar reforços. Este plantel precisa de ser retocado com alguns jogadores que venham dar mais qualidade e mais equilíbrio. Já começámos a trabalhar com algumas contratações em Janeiro. Isso não invalida que tenhamos de fazer contratações para dar mais peso à equipa para disputar uma primeira liga. Temos que ver bem os passos que vamos dar juntamente com aquilo que o Beira-Mar pode pagar. A título de exemplo, digo-lhe que tentámos contratar um jogador para a próxima época e ao dinheiro oferecido ele disse que na II Liga ganhava mais. Vai haver muitos jogadores no mercado e vamos escolher o que for melhor para alinhavar o futuro, comigo ou com outro treinador.